A ansiedade, estresse e depressão são alguns dos sintomas mais frequentes no trabalhador desmotivado
Encontrar um perfil mais ativo e afim de crescer dentro de uma empresa, tem se tornado uma desafio para os profissionais de recursos humanos. Uma nova terminologia tem identificado um grupo que aos poucos vai se desinteressando pelo trabalho e mantém o cargo por questões financeiras e para cumprir tabela. São pessoas que, psicologicamente, começam a se desinteressar pelo trabalho ou pelo ambiente que envolve aquele emprego.
Para aqueles que querem manter o trabalho, mas não se dedicam tanto, esse nome foi dado de Demissão Silenciosa (quit quitting, em inglês). Associado também à nova geração, a demissão silenciosa sempre existiu, mas aos poucos foi ganhando mais conotação. Afinal de contas, como identificar um funcionário que está se demitindo, sem necessariamente, falar que não quer mais estar lá?
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Por exemplo, uma característica pode estar ligada àquela funcionária que já não está mais tão animada como era . Eça começa cheio de ideias e aos poucos foi parando de falar, de ficar motivada e de tomar mais atitudes. Outra característica, é aquele empregado que já não se sente tão pertencente ao ambiente de trabalho, preferindo não se confraternizar tanto e ser mais ativo em tomar decisões.
‘’Entre aspas’’, começa a não se importar tanto com as atividades gerais, quer mais cumprir a tabela do que pensar no crescimento próprio e da empresa. Os trabalhadores dessa vertente querem cumprir as atividades básicas e não extrapolar além de suas obrigações. Ficar até mais tarde, por exemplo, não trabalhar nos fins de semana e não ter funções além da que foi exigida pelo cargo.
Números da demissão voluntária
Um recorte dessa realidade foi feito pela Gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que utilizou como base de informações os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Previdência. De acordo com o levantamento, 2,9 milhões pediram demissão voluntária de janeiro a maio deste ano.
Outra estatística é da LCA Consultores, que apresentou os dados relativos a uma pesquisa de demissão voluntária no Brasil. Somente em janeiro de 2022, mais de 544 mil brasileiros resolveram abandonar o trabalho.
Os motivos que leva alguém se demitir aos poucos
O psicólogo e responsável pelo projeto ‘Universo da Psicologia’, Thiago Azevedo, destaca que existem diferentes causas para alguém se demitir de forma silenciosa. Segundo ele, do ponto de vista individual, pode ser que o trabalhador, por exemplo, sente que as recompensas previstas não valem seu esforço. Não vê um propósito significativo no seu trabalho ou não tem satisfação com o trabalho e está ali apenas por obrigação. Do ponto de vista gerencial, pode haver expectativas irrealistas, pressão desnecessária sobre o trabalhador e um ambiente hostil de modo geral, entre outras questões.
‘’Um dos grandes motivos para a perda de prazer no trabalho é a ausência de conexão entre os desejos do trabalhador e os desejos da empresa. Ele não vai “vestir a camisa” da empresa realmente se não gostar dessa camisa e não estiver engajado no jogo. Os trabalhadores não são meras máquinas ou peças na engrenagem (não podem se quiserem), mas sim pessoas com um complexo funcionamento psicológico que afeta e é afetado pelo trabalho’’, afirma.
De acordo com o psicólogo, o trabalho ocupa metade do tempo da vida produtiva, logo, é fácil perceber o quão significativos podem ser os efeitos do quiet quieting. ‘’O trabalho é central na vida psicológica de muita gente. Por isso, pode afetar de forma muito mais ampla a visão que a pessoa tem de si e da própria vida. Ele pode ser motivo de uma “fuga silenciosa” mas, por outro lado, pode ser motivo de realização’’, diz o especialista.