A semana passada a CDC realizou uma conferência de imprensa durante a qual anunciaram oficialmente o seu sistema 6600. Entendo que no laboratório que desenvolve este sistema, existem apenas 34 pessoas, “incluindo o zelador”. Dentre essas, 14 são engenheiros e 4 são programadores, e apenas um possui um Ph.D., sendo um programador relativamente júnior. Para um observador externo, o laboratório parece ser consciente dos custos, trabalhar duro e altamente motivado.
Ao contrastar este esforço modesto com as nossas vastas atividades de desenvolvimento, não entendo por que perdemos nossa posição de liderança na indústria, permitindo que outra empresa ofereça o computador mais poderoso do mundo. Em Jenny Lake, acredito que a maior prioridade deve ser dada a uma discussão sobre o que estamos fazendo de errado e como devemos proceder para mudar isso imediatamente.
T. J. Watson, Jr., 28 de Agosto de 1963
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Cray versus IBM
Esse é um memorando escrito pelo presidente, T.J. Watson Jr da IBM em 1963. Na época a IBM estava competindo pela liderança na fabricação de supercomputadores. A CDC, fundada pelo Seymour Cray estava lançando o CDC 6600 com incríveis 10mhz de processador e 982 kilobytes (menos de 1mb) de memória, custando US$2,370,000 (equivalente a cerca de $22 milhões de dólares a preço de 2022).
Na época a IBM era a maior empresa de “computadores” do mundo, estava fazendo o desenvolvimento do IBM System/360, um plano ambicioso de fazer uma linha de produtos inteira com instruções compatíveis. Desenvolver software nessa época era desafiador, uma vez que você tinha que adaptar o software para cada nova geração de hardware lançado.
Nos anos anteriores, a IBM havia desenvolvido o IBM 7030 Stretch, o computador mais rápido do mundo até o surgimento do CDC 6600, um papel de liderança que a IBM só recuperaria quase quarenta anos depois.
Lei de Brooks
Se você algum dia for por San Francisco, visite o Computer History Museum , aonde você pode ver, além dessa história, as incríveis máquinas criadas não só pela Cray, mas várias máquinas que mudaram a forma como pensamos um computador hoje em dia. Um vídeo sobre o Cray pode ser visto aqui .
Mas o que exatamente isso tem a ver com nosso artigo de hoje, além dessa curiosidade histórica? Time pequenos! A pergunta da IBM era como um time de 34 pessoas, incluindo o zelador, tinha desbancado a supremacia de um gigante.
E daí eu provoco você a entender a capacidade de um time pequeno. Fred Brooks, escreveu em seu lendário The Mythical Man Month o que ficou conhecido como a Lei de Brooks:
“Adicionar desenvolvedores para um software atrasado deixa-o mais atrasado ainda.”
O poder dos times pequenos e coesos
Isso nos mostra que a forma de pensar times não deve ser linear. Eu não tenho 1000 horas de desenvolvedor somando os membros do time e para entregar um projeto atrasado eu devo contratar mais 500 horas de “developer horse power”.
Já escutei esse argumento em inúmeras reuniões de inúmeros projetos em inúmeros clientes – eu só tenho X horas de desenvolvedor/mês, então preciso contratar mais 5 programadores (possivelmente júnior) para adicionar 800 horas de capacidade de entrega e finalizar o projeto.
Se desconsidera sempre nessa conta que a cada novo membro adicionado, você tem não só a complexidade do aprendizado inicial desse membro, bem como a complexidade de comunicação com mais membros do time, que cresce exponencialmente. Mais comunicação implica em maior esforço para fazer as pessoas estarem devidamente alinhadas e as entregas acontecerem.
Times pequenos, coesos, multi-disciplinares são o seu goal. Todas as vezes que você pensar em contratar alguém para o time, pense antes nessas complexidades. Nunca faça contas lineares e acredite que você está adicionando X hours horse power para o seu time. Isso não é um motor de um carro. Repense o que você está tentando construir – existe algo mais simples que pode ser entregue e que traga valor para o usuário? Ou talvez, eu posso automatizar tarefas dentro do time para torná-lo mais produtivo?
Deixo para finalizar o texto um gráfico com o tamanho da equipe de algumas empresas bastante conhecidas e o seu valuation no momento da venda. Talvez te ajude a pensar sobre o tema: