A polêmica do fim de novembro, envolvendo influenciadores, gerou um peso na conta de quem investia. É que as ações da Natura & Co (NTCO3) fecharam em queda de 3,51%, a R$ 48,64, no dia 1º de dezembro, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Isso após a empresa ser acusada de irregularidades pelo influenciador digital Raiam Santos.
Em um post no Instagram, esse influenciador, que tem cerca de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, disse que a operação de compra da Singu pela Natura, anunciada em agosto, teria sido uma operação de resgate de uma empresa que estaria com dificuldades financeiras. Ou seja, a empresa teria beneficiado a startup Singu.
Um episódio trouxe à tona diversas discussões, inclusive sobre a verdade por trás dos investimentos em startups.
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O problema é mais embaixo: há empresas que valem bilhões, quando se fala em startup, mas que nunca registraram lucro. Uma matéria escrita pela Camilla Veras Mota da BBC, mostra a última linha da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) das empresas que traz um dos números mais repercutidos entre os analistas de mercado quando as companhias abertas divulgam seu desempenho a cada fim de trimestre. É uma espécie de indicador de saúde financeira do negócio.
O paradoxo é que muitas empresas avaliadas em milhões não haviam reportado lucro. Nunca. E a lista é lotada de conhecidos: Uber, Tesla, Spotify e a brasileira Nubank.
Para se ter noção, o Twitter registrou a primeira sequência de quatro trimestres de lucro em outubro de 2018, mais de uma década depois de criado. Ideias como essas são importantes para fazer o mercado se mexer, mas é necessário pensar no consumidor final e não só em ações.
O empreendedorismo inovador precisa de ousadia e risco, mas é necessário planejar, montar estratégia e lutar para que a inovação se transforme em consumo e, por isso, em lucro. Aumentar os investimentos de fora e não zelar pelo que a empresa oferece em si vai levar, um dia, a alguma emergência.
Mas por que investir em empresas que demonstram esses resultados? A ideia é investir hoje, porque no futuro, essas empresas têm potencial para gerar muito dinheiro. Pelo menos é nisso que os investidores depositam fé. E também acreditam que podem vender (sua participação) para outra pessoa por um preço ainda mais alto. Essa teoria é do o professor da Universidade de Nova York (NYU) Aswath Damodaran, um dos maiores especialistas em “valuation” (termo da contabilidade para o processo que estima o valor de um negócio) do mundo.
Mas claro que essa questão de fé no investimento traz também distorções e em casos mais extremos: má fé. E vocês, investidores, cuidado ao comprar gato por lebre. O fato é que os empreendedores, além de trazerem e receberem investimento, precisam andar com as próprias pernas, gerando lucro e, dessa forma, garantindo o pão de cada dia no futuro.