O Banco Central do Brasil anunciou o fim da plataforma atual do projeto Drex, o real digital, em reunião com representantes dos consórcios participantes. O desligamento está previsto para a próxima semana, marcando o término de uma iniciativa iniciada em 2021 que utilizava tecnologia blockchain. A decisão reflete desafios com privacidade e segurança, abrindo caminho para uma nova fase de desenvolvimento.
Motivos para o Encerramento
A plataforma do Drex, baseada na rede Hyperledger Besu, não atendeu aos requisitos de privacidade e segurança essenciais para operações financeiras. Tecnologias blockchain, por serem essencialmente públicas, não garantem a confidencialidade de dados e o sigilo bancário necessários para transações entre instituições financeiras. Em agosto, o coordenador do projeto, Fábio Araújo, afirmou em entrevista que o Banco Central deixaria de lado o uso dessa tecnologia pela incapacidade de assegurar a privacidade.
O Banco Central comunicou aos consórcios que a infraestrutura estatal não é viável para viabilizar esses negócios, apesar de o projeto ter evidenciado benefícios da tecnologia blockchain. Especialistas avaliavam que produtos tokenizados, como recebíveis de cartão e empréstimos com garantia de títulos públicos ou CDBs, poderiam ter versões simplificadas com liquidação fora do ambiente digital. A questão da privacidade já era sinalizada pelo BC no início do ano passado como não resolvida.
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História e Evolução do Projeto
O Drex surgiu em 2021 como uma moeda digital oficial do Brasil, nos moldes das CBDCs, com o propósito de criar uma versão digital do real interoperável com o Pix e integrada ao sistema financeiro. O projeto evoluiu para testes em ambiente de registro distribuído, utilizando Hyperledger Besu para contratos inteligentes e tokenização de ativos. Inicialmente ambicioso, visava ampliar a inclusão financeira, reduzir custos operacionais e permitir operações como empréstimos automatizados e registro digital de imóveis.
Com o avanço das fases piloto, o foco mudou para tokenização de ativos, liquidação entre instituições e automatização de garantias, reposicionando o Drex como infraestrutura para o sistema financeiro. A fase atual, conhecida como fase 2, cumpriu seu papel ao abrir espaço para modelos de negócio mais flexíveis. O projeto Drex encerrou essa etapa, indicando uma abordagem renovada para a digitalização do sistema financeiro, conforme detalhado no site oficial do Banco Central.
Próximos Passos e Nova Fase
Entre os passos imediatos, está o levantamento dos benefícios identificados nos casos de uso pelos participantes e a busca por modelos de negócio que os viabilizem. Em seguida, deve ocorrer a discussão sobre como entregar essas soluções tecnologicamente, com a inovação agora liderada pelo mercado e um regulador mais engajado. Uma fase 3 deve ser iniciada no começo de 2026, com continuação dos estudos sobre casos de negócio utilizando uma arquitetura considerada agnóstica, sem dependência de blockchain específica.
O novo modelo começará do zero, priorizando casos de uso como Open Finance, Pix e investimentos antes de definir uma plataforma definitiva. A proposta para o futuro inclui garantir um ambiente interoperável para ativos tokenizados, com a moeda de liquidação sendo uma moeda do Banco Central, facilitando, por exemplo, o uso desses ativos como garantia de crédito. O relatório da fase 2 deve sair apenas no início de 2026, segundo o jornal Valor Econômico.
Reações do Mercado e Impactos
Fontes próximas à reunião afirmam que o movimento não deve ser interpretado como fracasso, mas como reconhecimento de que o mercado deve liderar a inovação, ajustando-se à fragmentação das soluções com o tempo. André Carneiro, presidente da BBChain e integrante de um consórcio, declarou em nota que novos modelos de negócios com escopo direcionado pelo mercado podem atender requisitos sem restrições regulatórias do piloto, liberando o potencial das tecnologias DLT e blockchain. O encerramento dividiu o mercado, com analistas apontando liberação de espaço para modelos flexíveis, embora tragendo incertezas sobre custos e vigilância.
O Brasil se posiciona entre países adotando prudência com CBDCs, conforme estudo da Nexa Finance, que indica 137 nações ou blocos econômicos pesquisando moedas digitais estatais, mas apenas cinco avançando para desenvolvimento. As principais dificuldades envolvem privacidade de usuários, baixa adesão e desafios técnicos, enquanto stablecoins ganham espaço em transações. O BC não emitiu comunicado oficial até o momento, priorizando a reaproximação com o setor privado e soluções consolidadas como Pix e Open Finance.





































