No dia 30 de Dezembro de 2019, o então candidato a presidente dos EUA, Joe Biden, subiu no palanque para falar aos residentes de Derry, New Hampshire. Entre os presentes estavam vários empregados da indústria de mineração que haviam sido demitidos recentemente e passavam por dificuldades financeiras. Seu conselho para os mineiros? “Aprendam a Programar!”
“Qualquer pessoa que consiga descer 3.000 pés em uma mina com certeza também pode aprender a programar… Qualquer um que possa jogar carvão em uma fornalha pode aprender a programar, pelo amor de Deus!” – Joe Biden, Presidente dos EUA
De lá pra cá muita coisa mudou. Hoje a IA está democratizando o acesso à criação de novos produtos e permitindo que qualquer um possa transformar uma boa ideia em realidade mas, no processo, está também destruindo a demanda por programadores, designers, roteiristas, entre tantos outros profissionais. Dito isso, para um produto gerar receita, alguém precisa estar disposto a pagar por ele.
Portanto, na era da IA, talvez o novo conselho deva ser: “Aprendam a Vender!”
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Cuidado com o que pede
Antes da popularização da IA, o dono de uma ideia para um vídeo precisaria de um pequeno exército de pessoas, entre roteiristas, produtores, cinegrafistas, figurinos, atores, engenheiros de áudio, efeitos especiais, iluminadores, coordenadores, para conseguir transformar sua ideia em produto. Com o advento de IAs como a SORA, hoje o dono da ideia consegue executar vídeos com alto grau de qualidade e polimento praticamente sozinho.
À primeira vista, esse criador pode achar que isso é uma maravilha, porém não existe almoço grátis.
O colapso das funções intermediárias causado pela chegada da IA barateia e democratiza a produção porém cria a necessidade do criador vender seu peixe diretamente ao consumidor final, o que na cultura da criatividade é frequentemente visto com um certo nojinho.
Mas com as projeções de crescimento no segmento de IA do mercado criativo, a oportunidade justifica o esforço. De acordo com pesquisa conduzida pela Market Research, o segmento criativo de IA deve chegar à 5.8 Bilhões de Dólares até 2032.
Vender: De Tabu a Imperativo
Tradicionalmente, muitos criadores têm uma relação desconfortável com a ideia de vender. Há uma percepção de que a autopromoção é de alguma forma inautêntica ou que a preocupação com a monetização compromete a integridade artística. No entanto, na era da abundância de conteúdo impulsionada pela IA, essa mentalidade não é apenas contraproducente, mas potencialmente fatal para as aspirações de um criador.
- Isolamento Criativo: Criadores que evitam vendas e marketing podem se encontrar trabalhando em isolamento, limitando sua exposição e o potencial de alcançar públicos que de fato apreciariam seu trabalho.
- Vida Curta: Ver as vendas de forma negativa afeta a sustentabilidade financeira da prática criativa. Sem vendas, sustentar-se e continuar criando se torna cada vez mais difícil.
- Desvalorização do Trabalho: Existe o risco de desvalorizar o próprio trabalho, já que a relutância em se envolver em vendas ou marketing pode levar o criador a aceitar uma remuneração menor do que a merecida ou, pior, não vender nada.
A realidade é que, com as barreiras técnicas removidas haverá uma explosão na quantidade de produtos ofertados e ,com isso, ser encontrado se torna ainda mais difícil do que é hoje. A atenção humana será um recurso mais escasso e valioso, e criar não será o diferencial, mas vender sim.
Como destaca o autor best-seller do New York Times, Cal Newport, em seu livro “Deep Work”, “Na nova economia, três grupos terão uma vantagem particular:
- aqueles que podem trabalhar bem e criativamente com máquinas inteligentes;
- aqueles que são os melhores no que fazem;
- aqueles com acesso à capital;
Para ter sucesso, os criadores que estão abraçando a IA devem não apenas produzir um trabalho excelente, mas também encontrar maneiras eficazes de colocar esse trabalho na frente do público certo e persuadi-los a investir seu tempo e dinheiro. Isso exige dominar habilidades como storytelling, networking e, sim, vendas.
Siga o autor no Twitter: @Odisse_IA e no Instagram @canal.odisseia
Novas Ferramentas, Novos Mindsets
Superar o nojinho de vender é absolutamente crucial para os criadores que estão buscando na IA uma forma de ganhar autonomia sobre as estruturas inchadas da economia pré-IA:
- Redefinindo as Vendas: Um passo crucial é redefinir o que as vendas significam no contexto do trabalho criativo. Vendas e marketing podem ser encarados como o compartilhamento da sua paixão com um público mais amplo, em vez de uma transação comercial mundana.
- Aprendendo com Modelos de Sucesso: Muitos criadores bem-sucedidos integram seu ethos criativo com estratégias de marketing e vendas inteligentes, as tratando como extensões da produção criativa em vez de atividades separadas.
- Colaboração e Delegação: O criador pode colaborar com outras pessoas especializadas em marketing e vendas, permitindo que ele se concentre no processo criativo enquanto os parceiros garantem que seu trabalho seja efetivamente promovido.
- Educação e Mudança de Mindset: Workshops, cursos e mentorias podem ajudar a mudar as percepções sobre vendas e marketing, esclarecendo como essas atividades podem ser aliadas da integridade criativa.
- Comunidade e Apoio dos Pares: Se envolver em uma comunidade de criadores pode providenciar o suporte necessário, compartilhando práticas eficazes e contestando visões ultrapassadas sobre vendas e marketing.
IA: Seu Aliado nas Vendas
A boa notícia é que, assim como a IA está transformando a criação, ela também está revolucionando as vendas. Ferramentas de IA emergentes como Munch e Klaviyo podem analisar vastos conjuntos de dados para identificar públicos-alvo ideais, gerar leads de alta qualidade e até mesmo conduzir conversas de vendas personalizadas. Ao mesmo tempo, plataformas de marketing alimentadas por IA podem otimizar a entrega e o posicionamento de mensagens para o impacto máximo.
Essas tecnologias estão nivelando o campo de batalha, dando aos criadores acesso às mesmas poderosas ferramentas e insights antes disponíveis apenas para grandes empresas. Como afirma Rand Fishkin, fundador da Moz, em seu livro “Lost and Founder”:
“Pequenas empresas e empreendedores individuais têm uma vantagem significativa sobre as grandes empresas em marketing: velocidade e agilidade.”
Ao abraçar a IA como um aliado nas vendas, os criadores podem amplificar seu alcance, construir relacionamentos mais profundos com seus públicos e, em última análise, alcançar um maior sucesso comercial.
So What?
Na era da IA generativa, a habilidade de vender é mais importante do que nunca para os criadores que buscam se destacar e ter sucesso.
- Dominar as vendas não significa comprometer a integridade, mas sim encontrar maneiras autênticas de compartilhar seu trabalho e construir relacionamentos com o público.
- A IA não é apenas uma força transformadora na criação, mas também uma poderosa aliada nas vendas, oferecendo aos criadores ferramentas para amplificar seu alcance e impacto.
- Os criadores devem abraçar uma mentalidade de crescimento, e se adaptar a novas tecnologias, adquirindo habilidades em áreas como storytelling, marketing e vendas.
O futuro pertence aos criadores que não apenas produzem trabalhos excelentes, mas também dominam a arte de levar esse trabalho ao mundo.
Não é mais suficiente apenas criar. Agora você precisa ser conhecido por suas criações.” Ao priorizar o desenvolvimento de habilidades de vendas e aproveitar as ferramentas de IA, os criadores de hoje podem se posicionar para o sucesso na era da abundância criativa impulsionada pela IA.
O caminho pode ser desafiador, mas para aqueles dispostos a “aprender a vender”, as recompensas são verdadeiramente ilimitadas.