A inteligência artificial emergiu como tema central nas discussões globais e no mercado de trabalho brasileiro em 2025, com ênfase em sua integração como colaboradores autônomos e necessidade de capacitação contínua. Executivos alertam que equipes compostas apenas por humanos podem chegar ao fim, enquanto iniciativas no Brasil visam treinar milhões para lidar com a tecnologia. Relatos de profissionais destacam oportunidades e desafios, ao lado de tendências empresariais que posicionam a IA como força disruptiva.
Agentes de IA e Transformação no Mercado de Trabalho
No Fórum Econômico Mundial de 2025, em Davos, participantes debateram o papel dos agentes de IA, programas que executam tarefas automaticamente, como reservar restaurantes ou analisar dados, tornando processos empresariais mais ágeis e eficientes. Marc Benioff, CEO da Salesforce, questionou se a IA é um direito humano básico, ecoando o consenso de que esses agentes evoluem de ferramentas de apoio para colaboradores digitais com autonomia. A geração atual de CEOs pode ser a última a liderar equipes exclusivamente humanas, segundo executivos presentes.
O termo FOBO, medo de se tornar obsoleto, circulou como alerta entre os debatedores, motivando empresas a adotarem medidas de aprendizado. A Infosys relatou que sua plataforma interna registra 30 minutos diários de estudo por colaborador em média, enquanto outras organizações incorporam metas de aprendizado em indicadores de desempenho dos funcionários. Ravin Jesuthasan, da Mercer, enfatizou que curiosidade e agilidade para aprender são ativos valiosos, especialmente no setor informal, como destacou o presidente de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, ao afirmar que acesso a habilidades práticas será essencial para todos os tipos de trabalho.
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Oportunidades e Desafios para Profissionais em Agentes de IA
Profissionais que desenvolvem agentes de IA atuam em um setor em expansão, com remunerações em regime CLT variando de R$ 3,5 mil a R$ 20 mil, dependendo da função e experiência, conforme levantamento da Catho. Para engenheiros de IA, os salários vão de R$ 19,5 mil a R$ 27,1 mil, segundo o Guia Salarial 2026 da Robert Half. Esses agentes, baseados em grandes modelos de linguagem como os de Gemini, ChatGPT e Copilot, criam respostas e executam tarefas autônomas, aplicados em automação de atendimento, análise de dados de vendas ou ajustes de cronogramas em obras.
Evellyn Nicole, de 22 anos, engenheira de IA plena em uma empresa do setor elétrico, relata satisfação com a carreira e valorização no mercado, tendo desenvolvido agentes que automatizam tarefas repetitivas, como consultas a bancos de dados via perguntas simples. João Gama, de 19 anos, técnico em análise júnior em uma locadora de veículos, ganha R$ 3,6 mil mensais e criou um agente para inspecionar veículos e detectar problemas como vazamentos de óleo, eliminando análises manuais. Ambos, contratados em CLT, destacam formatos híbridos ou home office, mas enfrentam desafios como o ritmo acelerado de mudanças, escassez de materiais em português e alucinações da IA, que geram respostas inconsistentes e demandam supervisão humana.
A demanda por especialistas em IA cresce acima de 20% ao ano há mais de cinco anos, podendo exceder 30% globalmente, segundo Cleber Zanchettin, professor da UFPE. Raphael Bozza, vice-presidente de pessoas do iFood, prevê que cargos formais para trabalho com agentes surjam nos próximos três meses, embora o mercado ainda careça de títulos definidos. Oportunidades iniciais surgem em centros como o Ceia da UFG, conectando estudantes a implementações empresariais.
Iniciativas de Capacitação no Brasil com Foco em IA
O programa ConectAI, anunciado pela Microsoft em setembro de 2024 em colaboração com o governo brasileiro e 26 organizações, já treinou 2,5 milhões de pessoas em habilidades digitais, incluindo IA, visando 5 milhões até o fim de 2027. A iniciativa oferece cursos online gratuitos via LinkedIn Learning e plataformas parceiras, cobrindo fluência em IA, letramento digital e habilidades técnicas avançadas, apoiada por investimentos de R$ 14,7 bilhões em nuvem e IA no Brasil ao longo de três anos. Desde 2020, programas anteriores da Microsoft capacitaram 5,3 milhões de brasileiros em habilidades digitais.
Lamonier Barbosa, do Rio de Janeiro, transformou sua carreira após um bootcamp gratuito de IA da Microsoft, passando de consertos de computadores para estágio em consultoria de tecnologia. Vivian Vasconcelos, de Maracanaú no Ceará, acessou cursos de IA via Trust for the Americas e Microsoft, caminhando para centros equipados, e agora usa assistentes de IA em seu emprego em fábrica têxtil, sonhando com direito. Julia Ribeiro, de Ribeirão Preto em São Paulo, concluiu certificações Microsoft AI-900 e AZ-900 via SENAI, obtendo vaga como analista de nuvem com salário dez vezes maior que o da mãe, ajudando em soluções seguras com Azure.
Além disso, Virginia Chagas, professora na rede pública do Rio de Janeiro, usa o M365 Copilot para resumir e-mails e gerenciar tarefas administrativas em uma região com 185 escolas e 65 mil estudantes no 9º ano. Os treinamentos em IA da Microsoft e da Nova Escola permitem planejamento de aulas e correção de provas, liberando tempo para interação com alunos. A iniciativa busca reduzir a divisão digital, considerando que 93,6% dos lares brasileiros têm internet, conforme IBGE, e há 268,6 milhões de linhas móveis para 213 milhões de habitantes, segundo Anatel.
Tendências Empresariais para 2025 com Ênfase em IA
A pesquisa Panorama 2025 da Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas e com 733 empresas participantes, identificou a inteligência artificial como a tendência com maior potencial disruptivo para 2025, citada por 67% dos empresários. A alta performance segue em segundo, com 47%, enquanto sustentabilidade e digitalização de produtos aparecem com 46% e 43%, respectivamente. Apenas 28% das empresas se consideram prontas para usar IA de forma eficaz, e 38% para alta performance.
O estudo revela otimismo moderado: 50% esperam crescimento acima de 10% no faturamento, e 57% planejam contratar mais, mas 68% veem estagnação econômica como risco principal. Estabilidade política (46%) e avanço tecnológico (45%) são impulsionadores macroeconômicos, enquanto fidelização de clientes (55%) e inovação (50%) são fatores internos chave. O Índice de Prontidão para Inovação geral é de 64%, com transformação digital em 77%, mas áreas como modelo de negócios mostram oportunidades de melhoria.
Outras tendências incluem felicidade corporativa para retenção de talentos, trabalho híbrido e remoto, e adoção de computação em nuvem e big data. A gestão de riscos é prioridade para 42%, mas só 19% das áreas de jurídico e compliance estão preparadas, com 10% usando IA para detecção de fraudes. O relatório completo está disponível para download gratuito no site da Amcham.
Empregos Resistentes à Automação por IA
Um estudo da Harvard Business School, com 2357 adultos nos Estados Unidos analisando 940 ocupações, indica que apenas 30% das profissões teriam apoio público para automação com a IA atual, subindo para 58% com uma IA superior e mais barata. Profissões envolvendo vínculo humano, empatia, criatividade e espiritualidade enfrentam maior resistência, mesmo com avanços tecnológicos. No Brasil, fatores como desigualdade social e valorização do contato humano podem influenciar percepções semelhantes.
As ocupações menos aceitas para automação incluem clérigos e líderes religiosos, cuidadores e trabalhadores de creche, terapeutas de família e casais, juízes administrativos, atletas, artesãos e artistas manuais, policiais, atendentes funerários, barbeiros e atores. Em contraste, tarefas administrativas e repetitivas recebem mais aceitação, como operadores de extração de petróleo e gás, caixas de loja, zeladores, digitadores, pavimentadores, bioestatísticos, telefonistas, planejadores de transporte, especialistas em marketing de busca e arquivistas. Os autores denominam isso de “economia moral do trabalho”, destacando convicções sobre dignidade e propósito que limitam a delegação à IA.





































