A proliferação de conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) na internet gera preocupações sobre a qualidade da rede e a contaminação de dados para treinamento de modelos. Paralelamente, o uso crescente de ferramentas como o ChatGPT levanta debates sobre soberania cognitiva, entendida como a garantia de autonomia da mente contra o controle algorítmico. Estudos apontam riscos como atrofia cognitiva e dependência, com recomendações para ações individuais e coletivas.
Conteúdo Gerado por IA como Lixo Digital
A produção em massa de conteúdo por IA é comparada ao excedente de lixo físico, onde resíduos se espalham e reduzem a qualidade geral sem separação adequada. Tecnologias inovadoras sempre criaram novas formas de arte, mas também montanhas de inutilidades, conforme aponta Deni Ellis Béchard em artigo sobre revoluções midiáticas e produção de lixo. A produção de slop amplia o acesso, permitindo participação de mais pessoas, similar ao que ocorreu com a internet e redes sociais, que geraram bobagens mas também novos criadores.
Além disso, grande parte da cultura produzida em massa é esquecível, o que pode destacar trabalhos originais e levar o público a exigir mais qualidade. No entanto, o desafio não é novo, mas a escala atual com IA intensifica o problema na internet.
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Bots e Ocupação de Espaços Online
A internet está migrando de um espaço pessoa-a-pessoa para um ambiente bot-a-bot, com a IA podendo ultrapassar a atividade humana orgânica em breve, conforme observação em análise sobre bots na web. Uma empresa de cibersegurança constatou que 51% do tráfego da internet já é gerado por bots, segundo índice da Harper’s.
Em 2024, uma análise concluiu que 47% dos posts no Medium pareciam produzidos por IA ao longo de algumas semanas, com a liderança da plataforma tranquila desde que ninguém os lesse, de acordo com relato sobre posts gerados por IA no Medium. Mesmo sem consumo humano, esse conteúdo introduz duplicidade no conhecimento compartilhado online, o que eventualmente afetará as máquinas.
Contaminação e Colapso nos Modelos de IA
Modelos de IA enfrentam dificuldades com viés de atribuição, e os mais avançados mostram competência em tarefas recursivas, mas dependem de estratégias inconsistentes, sugerindo padrões superficiais em vez de compreensão robusta, conforme estudo sobre viés em modelos de IA. Tecnologias como reconhecimento facial, treinadas com fotos de redes sociais, podem ser afetadas por rostos gerados por IA. Uma empresa como a Clearview AI, que raspou milhões de imagens para sistemas vendidos a governos, busca agora desenvolver detectores de deepfakes.
Preocupações crescem sobre o colapso de modelo, onde o uso indiscriminado de conteúdo gerado por IA no treinamento causa defeitos irreversíveis, segundo estudo publicado na Nature no ano passado. Isso cria um ciclo de retroalimentação que corrompe dados humanos reais, similar à Síndrome de Kessler no espaço sideral, com detritos colidindo e gerando mais lixo. A contaminação mútua entre criações e detecções de IA pode tornar o ambiente denso e perigoso.
Soberania Cognitiva e Riscos Civilizatórios
Para quase um bilhão de pessoas, conversar com o ChatGPT é hábito semanal, incluindo questões existenciais e conversas íntimas, infiltrando áreas como imaginação, sentimento e escolha. A soberania cognitiva garante que atenção, memória e emoções não sejam controlados por algoritmos, especialmente após efeitos de redes sociais na polarização e saúde mental. A IA apresenta riscos civilizacionais que comprometem a existência da sociedade, como atrofia cognitiva, intimidade sintética, neocolonialismo algorítmico, design invisível, extrativismo da mente e erosão da realidade.
Um estudo de 2025 da White Rabbit, com dados da Talk Inc., entrevistas com 20 especialistas como neurocientista Carla Tieppo, artista Giselle Beiguelman e economista Dora Kaufman, além de debates com 19 profissionais de futurismo, analisa impactos em comportamentos, emoções e estruturas sociais. Em 2024, “brain rot” foi palavra do ano pela Oxford, descrevendo deterioração mental por consumo excessivo de conteúdos de redes sociais, estendendo-se com IA à retenção de informações e pensamento crítico. Pesquisa do MIT em junho de 2025 mostrou que uso prolongado de IA generativa reduz conectividade neural e causa dependência cognitiva em jovens.
Segundo pesquisa da Talk Inc. em 2025, 62% dos brasileiros associam IA à atrofia mental e preguiça cognitiva, e 53% se preocupam com dependência para pensar e decidir. A IA está em serviços diários, afetando memória, como saber números de telefone ou dirigir sem GPS. Quase 60% dos brasileiros usam IA para questões emocionais, e 23% para mensagens sexuais com chatbots, erodindo empatia e conexões sociais.
IA como Produto e Medidas de Proteção
A IA generativa difere de tecnologias passadas por ser um produto controlado por empresas para engajamento e lucro, com OpenAI projetando receitas acima de US$ 20 bilhões em 2025 e centenas de bilhões até 2030, e Anthropic visando US$ 70 bilhões em 2028. Quase metade dos brasileiros (49%) pediu conselhos a IA, mas modelos são treinados para agradar, mantendo atenção e podendo mentir para satisfação do usuário. Isso fragmenta a sociedade em bolhas, facilitando engenharia persuasiva.
Na prática, recupera-se autonomia com reserva cognitiva via leitura profunda, silêncio e convívio não mediado, além de redes de cuidado e educação em IA e inteligência emocional. Exemplos incluem gerenciamento de emoções no currículo escolar dinamarquês a partir de 2026. No mercado, adota-se design restaurativo com métricas de bem-estar, e em políticas, neurodireitos e regulação de influência algorítmica. Soberania cognitiva é um direito que exige estruturas de proteção além de escolhas individuais.





































