O movimento “New Space” chega oficialmente ao Brasil na quinta-feira (13). É quando deve acontecer o lançamento de mais um foguete Falcon 9, da SpaceX, levando, entre várias cargas úteis, o primeiro satélite produzido por uma startup nacional.
Caso as condições meteorológicas permitam, o voo partirá da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, às 12h25 (de Brasília). A missão é batizada de Transporter 3 e reúne dezenas de satélites de pequeno porte de vários clientes espalhados pelo mundo, dentre eles o brasileiro, desenvolvido pela Pion Labs.
O Pion-BR1 é diminuto até mesmo para os padrões de satélites pequenos: é basicamente um cubinho com aresta de 5 cm, e volume total de 125 cm³. Com massa inferior a um quilo, ele faz parte da classe dos picossatélites.
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E o que ele fará no espaço? Essencialmente, transmitirá um sinal que poderá ser captado por radioamadores em solo. Ele faz a mesma coisa que o Sputnik-1, o primeiro satélite artificial da história, lançado pela União Soviética em 1957, mas com 83 kg a menos.
A seu próprio modo, a startup também pretende produzir um “efeito Sputnik” no Brasil: “É a mensagem de que somos capazes de desenvolver tecnologia sem depender de investimentos públicos, culminando no nosso propósito, que é diminuir a distância entre a sociedade e as tecnologias espaciais”, diz Calvin Trubiene, diretor-executivo da Pion Labs.
Ambições O Pion-BR1 foi concebido em apenas sete meses, a um custo de aproximadamente R$ 500 mil, entre desenvolvimento, testes e lançamento. A empresa no momento se sustenta criando kits para satélites educacionais, mas o plano de médio prazo é ter a primeira constelação de nanossatélites privados desenvolvida inteiramente no país.
“A ideia de lançarmos o Pion-BR1 é adquirir herança de voo e maturidade tecnológica para os futuros satélites da constelação da Pion”, explica Trubiene. Espera-se que o satélite opere por dois anos em órbita, antes de reentrar na atmosfera terrestre. E a ideia é que a futura constelação de nanossatélites sirva para prestar serviços importantes no âmbito nacional.
“Queremos pensar em soluções de monitoramento de sustentabilidade e segurança, como muitos players do agronegócio e da preservação da Amazônia, por exemplo, demandam. Em um segundo momento, também pensamos em expandir a atuação para a América Latina.”
Ações como essa só se tornaram possíveis com o advento do chamado “New Space”, o atual movimento da indústria aeroespacial que envolveu miniaturização, barateamento e simplificação de componentes e processos, associado a uma queda no custo de acesso ao espaço.
“O interessante do trabalho da Pion é que eles vão conseguir colocar em prova a tecnologia desenvolvida no país”, diz Lucas Fonseca, engenheiro e diretor-executivo da Airvantis, empresa de logística espacial não envolvida com o projeto. “Esse movimento é essencial para ganhar confiança de investidores nacionais e internacionais, tendo chance de lançar em um futuro próximo uma constelação de satélites próprios. Estamos vendo o movimento do ‘New Space’ ganhar força no Brasil.”